PASSARELAS E BECOS
Legenda:
Situação Humanos Não-humanos Ideias, sentimentos, conceitos
Construção pela prefeitura
Construção próxima às eleições. Técnicos aparecem para medir a passarela. Pouco é informado. A madeira pode ser doada do IBAMA
Os moradores a trabalham em mutirão ou com remuneração.
Construção pela
prefeitura:
madeira
x
concreto
Os objetos, para além da materialidade existente, são dotados de valores a partir das ações. Não são neutros. A socialização da passarela de madeira ou de concreto traz distintos valores e significados que perpassam do temporário, com a madeira, ao permanente, com concreto.
Grupos: Madeira
x
Concreto
Evitar deterioração: proibir andar de moto
De acordo com moradores, andar de moto faz com que a passarela se deteriore mais rápido. O correto é empurrá-la ao seu lado.
Evitar deterioração: diminuir velocidade de motos
Os moradores colocam madeiras salientes com o intuito de reduzir a velocidade das motos. Mas os que tem veículo, às vezes, arrancam esses pedaços.
Manter passarela
Os moradores devem ter consciência de fazer reparos, pois se não for feita a manutenção, acresce a velocidade de deterioração.
Para fazer sua manutenção, os moradores “remendam” a ponte, pregam a estrutura para reforçar a passarela, pregam as tábuas que estão soltas, reorganizam as tábuas existentes ou colocam novas tábuas por cima das velhas.
Moradores doam tábuas usadas de suas casas, pregos ou dinheiro para subsidiar a compra de material.
Refazer passarela
Como a reforma é onerosa, pois necessita de mais material, os vizinhos já se reuniram, planejaram e fizeram uma rifa comunitária para subsidiar a compra de materiais, complementada com doações.
Ampliar passarela
Dentro do espaço disponível, com novas necessidades (como uma casa nova), os moradores podem ampliar caminhos.
Desfazer passarela
A passarela também é desfeita ao decidirem criar novos caminhos. Esteios antigos sem nada sustentar ainda são visíveis, mostrando suas ruínas e mudanças.
Criação do beco do final da passarela/rua
Antes era rua, mas um novo morador queria colocar um muro e fechar a passagem. Os moradores foram na justiça. No fim, ficou uma passagem de 2 metros de largura, o que não deixou ninguém satisfeito.
Grupo: moradores
Antigrupo: morador da frente
Criação do beco 1
Era uma passagem que passava pelo terreno. O dono queria colocar um muro, os moradores de trás reclamaram. Deixaram espaço suficiente para permitir locomoção e passagem de eletrodomésticos. O bom senso foi a partilha.
Grupo: moradores de trás
Antigrupo: morador da frente
Criação do beco 2
Novos moradores construíram habitações atrás de suas casas, onde esse espaço virou uma passagem que, com o passar do tempo, tornou-se um beco, o que ocasionou a diminuição do terreno de seu vizinho.
Nos becos e passarelas, há disputas entre espaço público e privado, pois alguns moradores almejam terrenos maiores. Também há disputas sobre quem produz e cuida desses espaços públicos. Essas pequenas controvérsias são negociadas para além do formal e do papel, costumeiras, não contratuais, decididas pela conversa. Porém, caso não cheguem a nenhuma decisão, podem ir atrás do respaldo da polícia ou da justiça.